Com o rio em cota recorde e parado há três dias, lixo se espalha pelas ruas da cidade |
O nível do
rio Amazonas em Itacoatiara, a 170 quilômetros de Manaus, igualou a marca
histórica de 2012, ano da maior cheia no município, com 15,3 metros, na última
segunda-feira. Desde então, o rio está parado, sem oscilar para baixo ou para
cima e já afetou mais de três mil famílias em 15 bairros, principalmente, na
zona rural. A maior cheia registrada anteriormente foi a de 2009, quando o rio
Amazonas chegou a 15,2 metros.
Os bairros onde os danos são considerados
críticos são Jauari, da Paz e Nogueira Junior, onde a prefeitura entregou nesta
quarta-feira mais uma remessa de madeira para os moradores e fez o aterro de
parte da área alagada. A situação é pior no bairro Nogueira Junior, porque ele
tem um único acesso para entrada e saída dos moradores, área que está inundada.
O município decretou estado de emergência e
aguarda resposta na disponibilização de recursos do Governo Federal, por meio
do Governo do Estado.
O alerta máximo para Itacoatiara foi emitido
pela Defesa Civil do Amazonas no início do mês passado, quando faltavam 35
centímetros para o rio Amazonas atingir a cota histórica registrada em 2012. Um
mês depois, a situação é considerada grave pela prefeitura do município.
Transtornos
De acordo com o secretário-executivo da
Defesa Civil do município, Bruno Braga, a população está sofrendo com a subida
das águas desde o início de maio. Dezenas de estabelecimentos comerciais, entre
eles restaurantes, foram fechados e os proprietários amargam prejuízos porque
não conseguiram manter as atividades com água nos prédios. Os que permanecem
funcionando usam marombas - piso elevado de madeira - para evitar o contato com
água.
O mesmo é feito nas residências. Como os
moradores não têm para onde ir, permanecem nos imóveis e tendo sob os pés água
poluída, que representa risco de doenças e contato com animais peçonhentos.
O secretário disse que Itacoatiara sofre mais
no momento porque recebe a vazão dos rios Madeira, que teve a maior cheia da
história este ano, e Negro que juntos formam o rio Amazonas. Ele acredita que o
rio não vai subir mais nas próximas semanas. “O rio está parado há três dias e
trabalhamos com a ideia de que ele vai estabilizar, ficar assim por um tempo e
depois baixar como aconteceu antes”, disse.
Mais da metade do AM afetada
Atualmente,
33 municípios do Estado, somando 46.216 famílias, sofrem os efeitos da cheia,
segundo o último boletim emitido pelo Subcomando de Ações de Defesa Civil do
Estado (Subcomadec). Dois estão em estado de calamidade pública (Humaitá no
Madeira e Boca do Acre no Purus) e três em situação de emergência (Maraã no
médio Amazonas, Beruri no Purus e Maués no baixo Amazonas).
Ao todo, 25
municípios foram atendidos com ajuda humanitária que inclui cestas básicas,
colchões, kits dormitório, de higiene pessoal e limpeza, além de medicamentos,
filtros microbiológicos, mosqueteiros, madeira e água mineral. Só as cestas
básicas entregues totalizam 600 toneladas. Famílias afetadas nos municípios de
Boca do Acre, Humaitá, Borba e Manicoré foram as primeiras contempladas com
valor de R$ 300, referentes ao Programa Amazonas Solidário, primeira fase, que
tem recursos do Governo do Estado.
O aporte
financeiro do Estado também foi disponibilizado para Borba, Novo Aripuanã,
Humaitá, e Manicoré (Madeira); Boa Vista do Ramos, Parintins e Maraã (Médio
Amazonas); Canutama e Boca do Acre no (Purus); Barreirinha, Nhamunda do (Baixo
Amazonas); Envira (Juruá); Careiro da Varzea e Anamã do (Baixo Solimões).
Texto: acrítica.com
Foto:
divulgação